um café,
um paieiro,
três janelas de word.
não era esse o sonho. (?)
faltava-me as garrafas de vinho espalhadas pelo quarto,
latas amassadas com cerveja quente e cinzas na mesa,
a fétida existência de um apartamento
e de uma pessoa no meio dele.
falta a máquina de escrever tiquetaqueando poesia -
também suja e despudorada -
sabendo que esta poesia é mesmo
reflexo da vida vivida,
ao invés de dor fingida do que sente.
não quero estes prazos para entregas,
mas recuso a responsabilidade de abandoná-los.
fico aqui, digitando minhas tantas páginas de trabalho
de forma tão pitoresca, desencanada e humilhada,
faço como deveria ser;
até chegar
sexta-feira;
pois no fim de semana eu vivo poesia,
percorro carreiras, passeio de boca em boca,
levo tudo para a cabeça,
me embriagando em gente,
em transas, em tudo,
faço tudo o que me falta nos dias corridos
somente para sobreviver mais um pouco.
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