20140409

talvez a última

Ela e eu. Talvez fosse nossa última noite. Não que sabíamos disso. De nada sabemos, na verdade. Mas parecia tácito que provavelmente seria a última noite. Estava nos fatos que não nos veríamos logo. Estava em casa, corri para a cozinha e fiz o melhor jantar de todo nosso relacionamento. Coloquei até os temperos secretos, mas deixei ainda algo guardado para outro dia. Comemos, como nunca. E logo depois comemo-nos com os olhos. Era inevitável. Deitados no sofá, a barriga cheia, o saco cheio. Demos duas. Na verdade, foi só uma, mas para mim pareciam duas. Bem, para ela, só ela sabe quantas pareciam... Poderiam ser as últimas.



As promessas eternas. Os carinhos eternos. Tudo parecia real e fantasiado. Não era o que queríamos. Ela dormiu primeiro. Pensei em tudo o que havia passado. Tinha muito, muito mesmo a pensar. E pensei. Pensei que fosse meus últimos pensamentos sobre. Pensei que estivesse no fim mesmo. Mas na manhã seguinte, o recomeço. Acordei. E de algum modo, também a acordei. E lá foi mais uma. Duas. Três...

Alheio - ou parasita virtual

às vezes me pego viajando
virtualmente
nessa coisa que é internet.
e dou voltas em caminhos que...
você não tem nem ideia!
coisa que nos afasta de nossos
vizinhos,
que mal teria aproximar de
desconhecidos?

o stalkear inocente
em meus pés,
a saber formas de vida,
de pessoas ou grupos,
que nunca conhecerei.
só prá descobrir como é
o lado de fora
do lado de lá.

me pego entre multidão de pessoas
de vozes que nunca ouvi.
imagens de luzes tão distantes.
em vidas, momentos, emoções,
alheios.
tudo isto a chupinhar
o seu dia.