20150505

das necessidades agora

Necessidades gritam, esbravejam e balançam,
internas em nós,
cedo ou tarde,
nos fazendo tremer calcanhares
e joelhos que já não aguentam a dor.

Não é mais possível fingir
orgulho
daqueles papéis impressos,
emoldurados e
pendurados em folhas grossas nas paredes.

Os pés já buscam cavar pegadas
na vontade de correr,
que mesmo parados
vão fazendo buracos
enterrando o corpo,
tal qual ficar inerte na maré que puxa.

É tempo de dar-se um tempo.
É tempo de encarar horizontes
e desapegar do umbigo.
É tempo de correr a pena no
calcar dos papéis dispostos sobre a mesa.

Eu tinha um futuro quando era novo -
escrever milhares de linhas,
ser lido, ser visto,
defender o povo,
ser entrevistado pelo Abu -,
mas não sou mais.
Não posso mais.
Necessidades antigas
que gritam comigo
sempre presentes
sempre buscando espaços.

Onde enterrei meus sonhos?
Qual o lado da vida eu não teria entendido?

Sei que os dias permanecem
e o que fazemos deles é
totalmente
culpa nossa.

Por isto mesmo
agora é a hora,
"uma vez é nunca",
agora precisamos recuperar as esperanças
e as vontades desintencionadas
e as ações que buscam apenas recuperar
o próprio segundo.

Repete isto para si:
agora é a hora.
Repete e relembra de quem
não fez a hora,
de quem não sacrificou os deveres,
de quem viu tempo e sangue passar.
Repete
mas faça.




Um comentário:

  1. Só penso na Luara acadêmica de Serviço Social que guardava em si todos os sonhos do mundo. Só lembro dela, com suas mais louváveis utopias. Só penso nela... e lamento (o que dela restou).

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