Necessidades gritam, esbravejam e balançam,
internas em nós,
cedo ou tarde,
nos fazendo tremer calcanhares
e joelhos que já não aguentam a dor.
Não é mais possível fingir
orgulho
daqueles papéis impressos,
emoldurados e
pendurados em folhas grossas nas paredes.
Os pés já buscam cavar pegadas
na vontade de correr,
que mesmo parados
vão fazendo buracos
enterrando o corpo,
tal qual ficar inerte na maré que puxa.
É tempo de dar-se um tempo.
É tempo de encarar horizontes
e desapegar do umbigo.
É tempo de correr a pena no
calcar dos papéis dispostos sobre a mesa.
Eu tinha um futuro quando era novo -
escrever milhares de linhas,
ser lido, ser visto,
defender o povo,
ser entrevistado pelo Abu -,
mas não sou mais.
Não posso mais.
Necessidades antigas
que gritam comigo
sempre presentes
sempre buscando espaços.
Onde enterrei meus sonhos?
Qual o lado da vida eu não teria entendido?
Sei que os dias permanecem
e o que fazemos deles é
totalmente
culpa nossa.
Por isto mesmo
agora é a hora,
"uma vez é nunca",
agora precisamos recuperar as esperanças
e as vontades desintencionadas
e as ações que buscam apenas recuperar
o próprio segundo.
Repete isto para si:
agora é a hora.
Repete e relembra de quem
não fez a hora,
de quem não sacrificou os deveres,
de quem viu tempo e sangue passar.
Repete
mas faça.
Só penso na Luara acadêmica de Serviço Social que guardava em si todos os sonhos do mundo. Só lembro dela, com suas mais louváveis utopias. Só penso nela... e lamento (o que dela restou).
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